Porangatu abre diálogo com a população sobre a Política Mineral Goiana
Os principais temas abordados foram a importância da coletividade e a integração e força do norte goiano
Janyelle da Mata
A sétima rodada de discussão sobre a Política Mineral Goiana foi iniciada em 27 de setembro no município de Porangatu. Promovido pelo Governo de Goiás, por meio da Secretaria da Indústria, Comércio e Serviços (SIC), o evento contou com a presença da prefeita de Porangatu, Vanuza Valadares, do secretário municipal de Indústria e Comércio, Eliomar Gonçalves, do presidente da Associação Comercial Industrial e Agropecuária (Aciap), Fabricio Almeida, do presidente da Associação dos Ceramistas do Norte do Estado de Goiás e diretor presidente da Cerâmica Estrela Industrial Ltda, Belmonte Cavalcante, e da coordenadora geral do Plano Estadual de Recursos Minerais (PERM), Lívia Parreira.
Vanuza Valadares, prefeita de Porangatu, enfatizou a necessidade de simplificar regulamentações para apoiar empreendedores locais e promover o desenvolvimento sustentável. “Nós sabemos que a região norte de Goiás é rica em minerais e tem um potencial muito grande, mas nós ainda precisamos investir em conhecimento para explorar esses produtos, de forma que cause o mínimo de impacto para o meio ambiente”, afirmou.
O secretário municipal de Indústria e Comércio, Eliomar Gonçalves, destacou o compromisso em estabelecer parcerias entre o setor público e privado, enfatizando a integração para o desenvolvimento da região. “Nós vivemos em uma região com potencial na linha mineral e eu como secretário de Indústria de Comércio de Porangatu, me coloco à disposição para mediar a integração entre o setor público e privado”, pontuou.
Fabrício Almeida, presidente da Aciap, falou da importância de impulsionar o desenvolvimento da região norte de Goiás, que segundo ele é pouco conhecida pelo restante do estado. Ele também destacou a importância de manter um canal aberto de comunicação e cooperação para futuras parcerias, visando o progresso econômico e o fortalecimento da região.
O presidente da Associação dos Ceramistas do Norte do Estado de Goiás e diretor presidente da Cerâmica Estrela Industrial Ltda, Belmonte Cavalcante enfatizou que, além das grandes empresas de mineração, há espaço para empreendedores locais contribuírem para o desenvolvimento econômico, especialmente na produção de materiais usados na agricultura. Belmonte expressou otimismo quanto ao potencial da região para gerar empregos e melhorar a economia local.
Lívia Parreira, coordenadora geral do Perm, ressaltou que o potencial mineral da região de Porangatu, embora seja desconhecido por muitos, está mostrando seu potencial e que ela própria é testemunha do que estava acontecendo na área. “É necessário manter as portas abertas para futuras colaborações”, afirmou. A coordenadora também destacou a importância de se olhar para o pequeno e médio empreendedor mineral e como as grandes mineradoras podem beneficiar as produções menores. “Nós temos que praticar a coletividade, pois para as definições de prioridades, o governo precisa de demandas coletivas, vamos ampliar o olhar extrapolando as individualidades, para o fortalecimento conjunto de cada seguimento.”, afirmou.
Rochas Ornamentais - O professor da Faculdade de Ciência e Tecnologia da Universidade Federal de Goiás (FCT-UFG), José de Araújo Nogueira Neto, abordou o potencial das rochas ornamentais na região e destacou a necessidade de desenvolver essa indústria em Goiás. Ele explicou que as rochas ornamentais são utilizadas em revestimentos, fachadas, esculturas e construção civil, com aplicações variadas. O palestrante enfatizou a importância da caracterização tecnológica dessas rochas para atender aos padrões de qualidade necessários para exportação. “É necessário investir em infraestrutura logística, serviços de beneficiamento, transporte e comercialização das rochas ornamentais”, afirmou.
José de Araújo também mencionou a normalização e classificação das rochas e a necessidade de atender a parâmetros mecânicos, estéticos e tecnológicos. Também ressaltou que, apesar do grande potencial do estado, Goiás ainda não aproveita completamente esse mercado, que tem muitas oportunidades de crescimento e desenvolvimento para a região norte. Por fim, o professor enfatizou a importância das pesquisas geológicas, do mapeamento geológico do estado e do cuidado ambiental para o desenvolvimento desse setor.
Leandro Rocha, geólogo e diretor da Empresa de Desenvolvimento em Mineração e Part Ltda (EDEM), apresentou detalhes sobre a pedreira em operação. Segundo ele, a pedreira é composta por várias frentes de trabalho, onde blocos de rochas ornamentais são extraídos. Ele também explicou a etapa de beneficiamento, onde os blocos são processados em chapas brutas.
O geólogo mencionou a preocupação com a água e a gestão de resíduos sólidos no processo de beneficiamento. Além disso, Leandro falou sobre os diferentes tipos de materiais produzidos na pedreira e apresentou o portfólio de produtos acabados, destacando sua variedade e utilização em obras. “A tecnologia de beneficiamento é essencial para atender às exigências dos compradores, que são muito rigorosos”, destacou.
O engenheiro de Produção e consultor da EDEM, Frederico Augustos, salientou a importância da análise de valor na indústria mineral. Ele destacou que a estética do material é fundamental para determinar seu valor no mercado. Augustus também ressaltou que a exportação de rochas ornamentais do Espírito Santo é significativa, representando cerca de 28% do total exportado. Ele argumentou que muitas vezes as empresas de outros estados compram materiais de Goiás e os exportam após o beneficiamento, agregando valor e tecnologia em outro lugar.
Frederico enfatizou a necessidade de Goiás atender diretamente ao mercado interno, especialmente considerando sua localização estratégica e a proximidade de importantes mercados consumidores. O consultor discutiu as distâncias entre Goiás, Vitória e São Paulo, enfatizando que, apesar dos desafios logísticos, a região de Goiás ainda exporta materiais, mas principalmente aqueles de valor mais baixo. Ele apresentou um método prático de avaliação de viabilidade de materiais com base nos custos de produção, incluindo maquinário, diesel e depreciação.
Cerâmica - Belmonte Cavalcante, presidente da Associação dos Ceramistas do Norte do Estado de Goiás, e diretor-presidente da Cerâmica Estrela Industrial Ltda, delineou desafios e oportunidades no setor cerâmico. Ele enfatizou a falta de integração entre empresários e políticos. Cavalcante destacou a dependência de mão de obra pouco qualificada, a necessidade de modernização e a importância de encontrar novas fontes de matéria-prima de qualidade. Ele propôs a criação de um centro tecnológico e laboratório para apoiar as empresas e ressaltou o impacto social do setor cerâmico na região, enfatizando a importância da profissionalização e diversificação dos negócios para o desenvolvimento sustentável da comunidade local.
Mobilização Social - Ao término das palestras foi aberto ao público a oportunidade de esclarecer dúvidas e apresentar questões e sugestões aos palestrantes. Esse momento de interação foi mediado por Lívia Parreira e pelo Gerente de Mineração da SIC, André Luiz Pereira, permitindo um diálogo construtivo e enriquecedor entre os participantes e os especialistas do evento. Todas as questões levantadas durante o debate, vão servir como base para a construção do Plano Mineral Goiano.
Fonte: Equipe PERM
